Administrado pelo Dicastério para os Textos Legislativos, na pessoa do Prefeito D. Agnelo Rossi

.

Constituição Apostólica Missale Romanum – Pela qual se promulga a 1ª Edição do Missal Romano

CONSTITUIÇÃO APOSTÓLICA 
MISSALE ROMANUM

B O N I F A C I U S,   E P I S C O P V S
S E R V V S   S E R V O R V M   D E I

PELA QUAL SE PROMULGA A
SEGUNDA EDIÇÃO TÍPICA DO MISSAL ROMANO 

Aos que chegarem está Constituição Apostólica
saudações e copiosas benção apostólica por parte de Nosso Senhor Jesus Cristo.

PROÊMIO:

1. Jesus Cristo na tarde santa da última ceia se reuniu junto de seus discípulos para instituir o sacrifício da nova e perpétua aliança, no qual instituiu a primeira missa, e mandou que seus apóstolos realizassem este sacrifício como instituição perpétua, no qual ele profere as seguintes palavras "Fazei isto em memória de mim", fazendo referência à sagrada eucaristia, a qual é realizada a cada santa missa, sendo amparada pela sagrada liturgia.[1]

2. Após a instituição do memorial perpétuo do Senhor, os discípulos se reuniam no dia após o sábado, também sinalizando a nova aliança com o Senhor, mostrando que as coisas antigas já se passaram, fica evidenciado no livro dos atos dos apóstolos que Paulo e os demais discípulos se reuniam para partilhar o pão.[2]

3. Com o aumento da comunidade cristã, para se manter a dignidade eucarística, e a manutenção da comunhão plena da igreja una e universal, já existiam diversos ritos, tendo variação por diocese, ou ordem religiosa, mas sempre tendo como ápice a eucaristia, para a manutenção da comunhão, o venerável papa Pio V publica a Bula quo primum tempore, a qual criou o primeiro rito universal para a Santa Igreja, extinguindo todos os ritos com menos de duzentos anos.

A IMPORTÂNCIA DA SAGRADA LITURGIA

4. A Sagrada Liturgia é essencial para o desenvolvimento espiritual do cristão, na sagrada liturgia são encontrados elementos essenciais, como a liturgia da palavra, a qual através dos textos sagrados, somos convidados ao encontro de Deus, e na liturgia eucarística Jesus se faz alimento por nós e para nossa redenção, cumprindo o que ele mesmo disse "Eu sou o Pão Vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá eternamente; e o pão que deverei dar pela vida do mundo é a minha carne."[3]

5. Segundo as palavras de sua santidade de Venerável Memoria, o papa Pio XII deve ser considerado um sinal favorável da Divina Providência para com os homem do nosso tempo e uma passagem salutar do Espírito Santo pela sua Igreja.[4]

6. A sagrada liturgia é o cume para o qual tende a ação da Igreja e, ao mesmo tempo, é a fonte de onde emana toda sua força, pois os trabalhos apostólicos se ordenam a isso: que todos, feitos pela fé e pelo batismo dos filhos de Deus, juntos se reúnam, louvem a Deus no meio da Igreja, participem do sacrifício e comam a ceia do Senhor.[5]

7. Pela Liturgia da terra participamos, saboreando-a já, na Liturgia celeste celebrada na cidade santa de Jerusalém, para a qual, como peregrinos nos dirigimos e onde Cristo está sentado à direita de Deus, ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo (22); por meio dela cantamos ao Senhor um hino de glória com toda a milícia do exército celestial, esperamos ter parte e comunhão com os Santos cuja memória veneramos, e aguardamos o Salvador, Nosso Senhor Jesus Cristo, até Ele aparecer como nossa vida e nós aparecermos com Ele na glória (23).[6]

O MISSAL ROMANO

8. A principal novidade da reforma está na chamada Oração Eucarística. Embora, no rito romano, a primeira parte desta Oração ― o Prefácio ― tenha conhecido diversos formulários através dos séculos, a segunda parte, que é chamada o Cânon da Ação, conservou sempre a mesma forma que foi fixada entre os séculos IV e V. As liturgias orientais, pelo contrário, admitiam certa variedade nas suas Anáforas. 

Neste ponto, decidimos acrescentar ao Cânon Romano três novos formulários de Orações Eucarísticas, além de enriquecê-los com grande número de Prefácios, tirados da antiga tradição na Igreja Romana ou compostos agora, a fim de manifestar melhor os vários aspectos do mistério da fé, e oferecer mais numerosos e fecundos motivos de ação de graças. 

No entanto, por motivos de ordem pastoral e para facilitar a concelebração, estabelecemos que as palavras do Senhor sejam as mesmas em todos os formulários do Cânon. Assim, queremos que em cada Oração Eucarística se pronunciem as seguintes palavras: sobre o pão ― "ACCIPITE ET MANDUCATE EX HOC OMNES: HOC EST ENIM CORPUS MEUM, QUOD PRO VOBIS TRADETUR"; sobre o cálice ― "ACCIPITE ET BIBITE EX EO OMNES: HIC EST ENIM CALIX SANGUINIS MEI NOVI ET AETERNI TESTAMENTI, QUI PRO VOBIS ET PRO MULTIS EFFUNDETUR IN REMISSIONEM PECCATORUM. HOC FACITE IN MEAM COMMEMORATIONEM". A expressão "MYSTERIUM FIDEI", tirada do contexto das palavras de Cristo e proferida pelo sacerdote, serve de preâmbulo à aclamação dos fiéis.[7]

9. Quanto ao Ordinário da Missa, "as cerimônias foram simplificadas, conservando-se cuidadosamente a substância". Deixou-se também de lado "tudo o que foi duplicado no decurso dos tempos ou acrescentado sem verdadeira utilidade", sobretudo nos ritos da oblação
do pão e do vinho, da fração do pão e da comunhão.[7]

10. Assim, "foram restaurados, segundo a primitiva ordem dos Santos Padres, alguns ritos que tinham caído em desuso", tais como a homilia, a oração universal ou dos fiéis, e o rito penitencial ou de reconciliação com Deus e os irmãos no início da Missa, devidamente revalorizado.[7]

11. Nesta reforma do Missal Romano, além das três mudanças acima citadas ― a Oração Eucarística, o Ordinário da Missa e distribuição das Leituras ― outras partes foram revistas e consideravelmente modificadas: o Temporal, o Santoral, o Comum dos Santos, as Missas Rituais e as Votivas. Merecem particular atenção as orações, não só aumentadas em número, para que novos textos correspondessem às necessidades de hoje, como restauradas, quando antigas, segundo os textos primitivos. Por isso, acrescentou-se uma oração própria para cada dia ferial dos principais tempos litúrgicos, ou seja, do Advento, do Natal, da Quaresma e da Páscoa.[7]

CONCLUSÃO E PROMULGAÇÃO

Por fim, queremos dar força de lei a tudo que até aqui expusemos sobre o novo Missal Romano. Nossos predecessores, promulgando a I edição Típica do Missal Romano, apresentou-o ao povo cristão dentro do orbe do Habblet como fator da unidade litúrgica e sinal da pureza do culto da Igreja. Da mesma forma, por isso no uso de nossa autoridade PROMULGAMOS e ORDENAMOS a revisão do Missal Romano, ficando sobre responsabilidade do Dicastério para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos a confecção e publicação da segunda edição típica do missal romano, esperamos que no novo Missal, embora deixando lugar para "legítimas variações e adaptações", esperamos que seja recebido pelos fiéis como um meio de testemunhar e afirmar a unidade de todos, pois, entre tamanha diversidade de línguas, uma só e mesma oração, mais fragrante que o incenso, subirá ao Pai celeste por nosso Sumo Sacerdote Jesus Cristo, no Espírito Santo.

O que prescrevemos por esta nossa Constituição entrará em vigor no máximo este ano, na data limite a ser decretado pelo Dicastério para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos até do dia 3 de dezembro, primeiro domingo do Advento.

Tudo o que aqui estabelecemos e ordenamos queremos que seja válido e eficaz, agora e no futuro, não obstante a qualquer coisa em contrário nas Constituições e Ordenações Apostólicas dos nossos predecessores, e outros estatutos, embora dignos de menção e derrogação especiais.

Dado e Passado em Roma, junto a São Pedro, aos 5 dias do mês de julho do ano de 2023.

+ Bonifacius Pp. III
Pontifex Romanum

Eu o subscrevi,
+Pedro Henrique Card. Pacelli

REFERÊNCIA BIBLIOGRAFIA:

[1] Cf. Lucas 22, 20.
[2] Cf. Atos dos Apóstolos 20, 7.
[3] Cf. João 6, 51.
[4] Cf. Pio XII, Alocução aos participantes do I Congresso Internacional de Pastoral Litúrgica de Assis, de 22.09.1956, AAS 48 (1956), p. 712.
[5] Cf. Sacrosanctum Concilium, 10.
[6] Cf. Sacrosanctum Concilium, 8.
[7] Cf. Constituição Apostólica Missale Romanum.