Exortação Apostólica Ius Episcopum - Pela qual se promulga as Normas de Conduta de um Epíscopo

 

EXORTAÇÃO APOSTÓLICA
IUS EPISCOPUM

DE PROMULGAÇÃO DAS NORMAS DE CONDUTA DE
DE UM EPÍSCOPO DA SANTA IGREJA ROMANA

IOANNIS PAULUS Pp. II
ROMANUS EPISCOPUS
SERVUS SERVORUM DEI

A quantos lerem esta EXORTAÇÃO APOSTÓLICA,
paz da parte de Nosso Senhor Jesus Cristo
e fé na missão católica de pastorear o Povo de Deus.

1. Ser epíscopo é mais do que uma posição de autoridade na hierarquia da Igreja. É um chamado sagrado, um compromisso de vida dedicado a seguir os ensinamentos de Jesus Cristo e a servir o povo de Deus. Segundo a fé católica, o Bispo é um sucessor dos Apóstolos, chamado a guiar, ensinar e santificar a comunidade cristã. As normas de conduta para os Bispos Católicos são fundamentais para garantir que este chamado seja vivido com integridade, transparência e fidelidade ao Evangelho. Elas delineiam as expectativas e responsabilidades que acompanham essa posição de liderança dentro da Igreja. 

2. A importância dessas normas é múltipla. Em primeiro lugar, elas protegem a santidade da Igreja, assegurando que seus líderes vivam de acordo com os mais altos padrões morais e espirituais. Isso não apenas fortalece a credibilidade da instituição, mas também inspira confiança nos fiéis e na sociedade em geral. Além disso, as normas de conduta orientam os Bispos em seu ministério pastoral, ajudando-os a discernir e tomar decisões em conformidade com os princípios do Evangelho. Elas servem como um guia para ações éticas e prudentes, especialmente em situações complexas ou controversas. Promovem a unidade e a comunhão dentro da Igreja. Ao estabelecerem um padrão comum de comportamento, elas reforçam o sentido de identidade e pertencimento à família eclesial, enquanto também incentivam a colaboração e o respeito mútuo entre os líderes da Igreja. 

3. O objetivo central das normas de conduta para os bispos é promover a integridade, ética e responsabilidade na liderança eclesiástica. Estas normas têm como propósito assegurar que os bispos exerçam seu ministério com retidão e transparência, refletindo os valores do Evangelho em sua conduta e decisões. Ao estabelecer diretrizes claras e consistentes, busca-se criar um ambiente onde a confiança dos fiéis na liderança da Igreja seja fortalecida. A integridade dos bispos é essencial para preservar a credibilidade da mensagem cristã e para sustentar a missão da Igreja no mundo. A ética desempenha um papel fundamental, orientando os bispos a agir de acordo com princípios morais e valores fundamentais da fé. Isso inclui o respeito pela dignidade humana, a justiça, a solidariedade e o cuidado pelos mais vulneráveis.

CAPÍTULO I
O chamado à santidade e ao exemplo

4. Os bispos são chamados a serem modelos de vida cristã e santidade para o povo de Deus. Eles são encarregados de liderar pelo exemplo, demonstrando em suas palavras e ações os ensinamentos de Cristo e os valores do Evangelho. Em Mateus 5, 16, Jesus diz: "Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai que está nos céus." Este versículo destaca a importância de os líderes religiosos serem luzes que iluminam o caminho dos fiéis, inspirando-os a viver uma vida de fé e virtude.

5. Os bispos são chamados a cultivar uma vida de oração, intimidade com Deus e compromisso com a prática dos sacramentos, como o Batismo, a Eucaristia e a Confissão. Eles devem buscar constantemente a santidade, sendo exemplos de humildade, caridade, perdão e serviço aos outros. Além disso, os bispos são chamados a testemunhar a verdade do Evangelho em todas as áreas da vida, incluindo suas relações pessoais, sua administração pastoral e seu envolvimento com a sociedade. Eles são chamados a defender os valores cristãos, a promover a justiça e a paz, e a se opor a qualquer forma de injustiça ou pecado.

6. Os bispos são chamados a viver de acordo com os ensinamentos da Igreja, assumindo a responsabilidade de serem modelos de santidade e fé para o povo de Deus. Este chamado à santidade não é apenas uma aspiração, mas uma exigência intrínseca ao ministério episcopal, refletindo a própria natureza do seguimento de Cristo. O apóstolo Pedro exorta em sua primeira carta aos cristãos: "Antes, sede santos em toda a vossa maneira de viver, como santos que sois" (1 Pedro 1, 15). Esta exortação ressoa de forma especial para os bispos, que são chamados a refletir a santidade de Deus em sua conduta e ministério.

7. Viver de acordo com os ensinamentos da Igreja significa abraçar os valores do Evangelho em todas as dimensões da vida, pessoal e ministerial. Isso implica em praticar a justiça, a caridade, a humildade e a misericórdia em todas as interações e decisões. Os bispos são chamados a serem fiéis depositários da fé apostólica, transmitindo os ensinamentos da Igreja de maneira autêntica e coerente. Eles devem guiar o rebanho com sabedoria e discernimento, buscando sempre a maior glória de Deus e o bem das almas confiadas a seu cuidado pastoral.

8. Viver de acordo com os ensinamentos da Igreja não é apenas uma obrigação, mas uma oportunidade de testemunhar o amor e a verdade de Cristo ao mundo. Os bispos são chamados a serem luzes no meio das trevas, inspirando os fiéis a seguir o caminho da santidade e da salvação em Cristo Jesus.

CAPÍTULO II
Respeito à dignidade humana

9. Os bispos têm um compromisso inabalável com o respeito e a proteção da dignidade de todos os indivíduos. Inspirados no exemplo de Jesus Cristo, que acolheu e valorizou cada pessoa, os bispos reconhecem a sacralidade da vida humana em todas as suas formas e estágios. Este compromisso é fundamentado na convicção de que todos os seres humanos são criados à imagem e semelhança de Deus (Gênesis 1, 27), dotados de uma dignidade intrínseca que deve ser reconhecida e preservada. Portanto, os bispos assumem a responsabilidade de defender os direitos e a integridade de cada indivíduo, independentemente de sua origem, status social, ou condição.

10. O respeito à dignidade humana implica em repudiar qualquer forma de discriminação, violência, exploração ou injustiça. Os bispos estão comprometidos em promover uma cultura de respeito mútuo, solidariedade e compaixão, que reconheça o valor inestimável de cada pessoa e busque seu bem-estar integral. Além disso, os bispos entendem que a proteção da dignidade humana exige medidas concretas para combater as injustiças estruturais e promover a inclusão social, especialmente dos mais marginalizados e vulneráveis. Eles se empenham em ser voz para os que não têm voz, advogando por práticas que respeitem e promovam a dignidade de todos.

11. É terminantemente proibido que os bispos pratiquem qualquer forma de discriminação ou abuso em seu ministério. Como líderes da comunidade cristã, eles são chamados a seguir o exemplo de Jesus Cristo, que acolheu e amou a todos, sem distinção. A discriminação, seja ela baseada em raça, gênero, origem étnica, orientação sexual ou qualquer outra característica, é contrária aos princípios do Evangelho. A mensagem de Jesus é de inclusão e igualdade, e os bispos devem ser os primeiros a promover esses valores em sua conduta e ensinamento.

12. Quanto ao abuso, seja ele físico, emocional, sexual ou de qualquer outra forma, é uma grave violação da dignidade humana e uma traição à Igreja e ao mandamento de amar ao próximo como a si mesmo (Mateus 22, 39). Os bispos têm a responsabilidade de proteger e cuidar do rebanho confiado a eles, garantindo que nenhuma pessoa seja prejudicada ou maltratada em sua presença ou por sua negligência

CAPÍTULO III
Relações fraternas e colaboração pastoral

13. A colaboração entre os bispos e outros líderes religiosos é essencial para fortalecer a unidade e promover o testemunho cristão no mundo. Jesus Cristo nos ensinou a amar uns aos outros como Ele nos amou (João 13, 34), e isso inclui colaborar e trabalhar em conjunto para o bem comum da humanidade. A diversidade de dons e talentos presentes na comunidade cristã é uma bênção que pode ser potencializada por meio da colaboração entre os líderes religiosos. Ao unir esforços, podemos enfrentar desafios comuns de forma mais eficaz e alcançar resultados mais significativos em nossa missão de evangelização e serviço aos necessitados.

14. A Sagrada Escritura nos lembra que "onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estarei no meio deles" (Mateus 18, 20). Isso destaca a importância da comunhão fraterna e da colaboração na construção do Reino de Deus. Quando os bispos e outros líderes religiosos trabalham juntos em harmonia, refletem a imagem da comunidade unida e coesa que Jesus deseja para sua Igreja. Portanto, incentivamos os bispos católicos a buscar ativamente oportunidades de colaboração com líderes de outras tradições religiosas, reconhecendo que, embora possamos ter diferenças teológicas e práticas, compartilhamos um compromisso comum com os valores do amor, compaixão e justiça.

15. É essencial promover um ambiente de respeito mútuo e diálogo fraterno entre os bispos e outros líderes religiosos. Esta atmosfera de respeito e colaboração não apenas fortalece os laços dentro da comunidade eclesiástica, mas também reflete o mandamento de amor e unidade ensinado por Jesus Cristo. O apóstolo Paulo escreve em Efésios 4, 32: "Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus em Cristo vos perdoou." Este versículo nos lembra da importância de praticar a compaixão e o perdão em nossas relações interpessoais, construindo assim uma comunidade de amor e respeito mútuo.

16. O diálogo fraterno permite que as diferenças de opinião sejam discutidas de maneira respeitosa e construtiva, levando a uma compreensão mais profunda e a uma colaboração mais eficaz no serviço ao povo de Deus. Ao ouvirmos uns aos outros com humildade e abertura de coração, podemos aprender uns com os outros e encontrar soluções que beneficiem a todos. Portanto, incentivamos a todos os bispos católicos a cultivar relacionamentos fraternos baseados no respeito mútuo e no diálogo sincero, seguindo o exemplo de Cristo e buscando sempre a unidade na diversidade. Por meio desse espírito de colaboração pastoral, podemos testemunhar ao mundo o amor de Deus que nos une como irmãos e irmãs na fé.

CAPÍTULO IV
Fidelidade ao Magistério da Igreja

17. Os bispos têm uma obrigação sagrada de ensinar e defender as doutrinas da Igreja Católica. Esta responsabilidade deriva diretamente da missão confiada por Cristo aos apóstolos, de proclamar o Evangelho a todas as nações (Mateus 28, 19-20). Assim como os apóstolos, os bispos são chamados a transmitir fielmente os ensinamentos de Jesus Cristo e da Tradição Apostólica, guardando e protegendo a integridade da fé católica. Esta obrigação não é apenas um dever, mas também uma expressão de amor e cuidado pastoral para com o povo de Deus. Ao ensinar e defender as doutrinas da Igreja, os bispos oferecem orientação espiritual e segurança doutrinal aos fiéis, ajudando-os a crescer em sua compreensão da fé e a viver de acordo com os ensinamentos de Cristo.

18. Além disso, esta tarefa de ensinar e defender as doutrinas da Igreja requer uma abordagem amorosa e misericordiosa, em conformidade com o exemplo de Jesus, que veio não para condenar, mas para salvar (João 3, 17). Os bispos são chamados a oferecer uma instrução clara e acessível, acompanhada de um convite constante à conversão e ao crescimento espiritual. Portanto, a obrigação de ensinar e defender as doutrinas da Igreja Católica é uma parte essencial do ministério episcopal, que visa fortalecer a fé dos fiéis, promover a unidade da comunidade cristã e testemunhar a verdade do Evangelho ao mundo.

19. É importantíssimo que os bispos católicos mantenham uma firme fidelidade ao Magistério da Igreja e evitem ensinar doutrinas contrárias à fé católica. A autoridade para ensinar e interpretar os ensinamentos de Cristo foi confiada à Igreja pelos próprios apóstolos, como é declarado em Mateus 28, 20: "Ensinai-lhes a observar tudo o que vos prescrevi. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos". Ao desviarem-se do ensinamento autêntico da Igreja, os bispos correm o risco de causar confusão entre os fiéis e de distorcer a mensagem do Evangelho. Isso pode levar ao enfraquecimento da comunhão eclesial e à perda da identidade católica. Portanto, é crucial que os bispos se mantenham fiéis à tradição apostólica e ao depósito da fé transmitido pela Igreja ao longo dos séculos.

20. A admoestação contra o ensino de doutrinas contrárias à fé católica não é um gesto de autoritarismo, mas sim um ato de amor pastoral e cuidado com o rebanho de Cristo. É uma lembrança da responsabilidade solene que os bispos têm de preservar e transmitir a verdade revelada por Deus, protegendo assim a integridade da fé católica e o bem-estar espiritual dos fiéis. Portanto, que todos os bispos sejam constantemente vigilantes em sua fidelidade ao Magistério da Igreja, guiados pelo Espírito Santo e comprometidos em transmitir com clareza e autenticidade os ensinamentos de Cristo, que são a luz para o mundo.

CAPÍTULO V
O zelo pela verdade e a justiça

21. Os bispos católicos têm um compromisso irrevogável com a busca da verdade e o exercício da justiça em todas as circunstâncias. Este compromisso é enraizado na própria essência do Evangelho, onde Jesus Cristo, como "Caminho, Verdade e Vida" (João 14, 6), nos exorta a buscar a verdade e a agir com justiça em todas as nossas ações. A busca da verdade implica em uma diligente investigação e discernimento, utilizando todos os recursos disponíveis para compreender a realidade em sua plenitude. Os bispos são chamados a serem guardiões da verdade revelada por Deus, tanto na Sagrada Escritura quanto na Tradição da Igreja, e a promoverem essa verdade em todos os aspectos da vida da comunidade cristã.

22. Juntamente com a busca da verdade, está o exercício da justiça. A justiça é essencial para garantir que cada pessoa seja tratada com equidade e dignidade, e que os direitos de todos sejam respeitados. Os bispos têm a responsabilidade de serem defensores dos oprimidos, dos marginalizados e dos mais vulneráveis, seguindo o exemplo de Jesus que veio "para proclamar a liberdade aos cativos e aos cegos a recuperação da vista; para pôr em liberdade os oprimidos" (Lucas 4, 18).

23. Os bispos são chamados a refletir os ensinamentos de Cristo em todas as áreas de suas vidas, incluindo sua conduta pessoal e ministerial. Isso inclui um firme repúdio a qualquer forma de corrupção, mentira ou manipulação. A corrupção, entendida como o abuso de poder para benefício pessoal, é totalmente contrária aos princípios do Evangelho. Ela mina a confiança dos fiéis na liderança da Igreja e compromete a credibilidade do testemunho cristão. Como disse São Paulo aos Coríntios: "Portanto, quem julga estar de pé, veja que não caia!" (1 Coríntios 10, 12). Este versículo nos lembra da importância da vigilância constante contra a corrupção, tanto individualmente como em comunidade.

24. Da mesma forma, a mentira e a manipulação distorcem a verdade e prejudicam a comunhão entre os membros da Igreja. Jesus nos ensina: "Sejam simples como as pombas e astutos como as serpentes" (Mateus 10, 16). Essa sabedoria implica em uma busca pela verdade, sem ceder à falsidade ou à manipulação para alcançar objetivos pessoais ou institucionais.

25. Portanto, os bispos são chamados a serem exemplos de honestidade, transparência e integridade em seu serviço ao povo de Deus. Eles devem ser fiéis à verdade do Evangelho e dedicados ao bem comum, rejeitando qualquer forma de comportamento corrupto, enganoso ou manipulador. Este compromisso é essencial para preservar a dignidade da missão episcopal e para testemunhar a verdade libertadora de Cristo ao mundo.

CAPÍTULO VI
Testemunho de humildade e serviço

26. Este chamado à humildade e ao serviço desinteressado é uma marca distintiva do ministério episcopal na tradição da Igreja Católica. A humildade é a virtude que nos lembra da nossa dependência de Deus e da nossa igualdade perante Ele e nossos irmãos. Os bispos são chamados a reconhecer sua própria fraqueza e limitação, confiando na graça de Deus para cumprir sua missão pastoral. Em vez de buscar status ou poder, devem seguir o exemplo de Cristo, que lavou os pés de seus discípulos como um servo humilde (João 13, 14-15).

27. O serviço desinteressado é a expressão prática da humildade. Os bispos são chamados a colocar as necessidades dos outros acima das suas próprias, dedicando-se ao cuidado espiritual e material do povo de Deus. Isso significa estar presente e disponível para os fiéis, ouvindo suas preocupações, confortando os aflitos e orientando aqueles que buscam orientação espiritual (1 Pedro 5, 2-3).

28. É fundamental que os bispos católicos sejam constantemente lembrados da necessidade de evitar qualquer forma de orgulho ou busca de poder em seu serviço à Igreja. O orgulho pode levar à arrogância e à falta de humildade, enquanto a busca de poder pode distorcer a missão pastoral, transformando-a em busca de prestígio e controle. Jesus mesmo nos ensina em Mateus 23, 12: "Quem se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado." Este versículo nos lembra que a verdadeira grandeza está na humildade de coração e no serviço desinteressado aos outros.

29. Os bispos são chamados a seguir o exemplo de Cristo, que veio ao mundo não para ser servido, mas para servir (Mateus 20, 28). Eles devem lembrar-se de que sua autoridade na Igreja não é para ser usada para benefício pessoal ou para impor sua vontade sobre os outros, mas para servir ao povo de Deus com amor e compaixão.

30. Portanto, exortamos todos os bispos a cultivarem a humildade em seus corações, reconhecendo que são simples instrumentos nas mãos de Deus para o bem do rebanho. Que eles busquem o poder da graça divina, que se manifesta na fraqueza humana (2 Coríntios 12, 9), e se empenhem em servir com humildade, gentileza e amor, seguindo o exemplo de Cristo, o Bom Pastor.

CAPÍTULO VII
Compromisso e conclusão

31. Como bispos, reiteramos nosso compromisso inabalável com as normas de conduta estabelecidas para guiar nossa conduta e ministério. Reconhecemos que essas normas são fundamentais para garantir a integridade e a fidelidade ao Evangelho em nosso serviço à Igreja e ao mundo. Recordamos as palavras de São Paulo aos Coríntios: "Assim, que os homens nos considerem como servos de Cristo e administradores dos mistérios de Deus. Ora, o que se exige destes administradores é que sejam encontrados fiéis" (1 Coríntios 4, 1-2). Como administradores dos mistérios de Deus, entendemos que somos chamados a ser fiéis à nossa missão e responsabilidades

32. Comprometemo-nos a viver de acordo com os mais altos padrões de ética e moralidade, respeitando a dignidade de todas as pessoas e promovendo a justiça e a paz em todos os aspectos de nossa vida e ministério. Reconhecemos que nossa liderança deve ser um reflexo autêntico do amor e da misericórdia de Cristo. Além disso, assumimos a responsabilidade de ser prestadores de contas, sujeitos ao discernimento fraterno e à correção quando necessário. Estamos conscientes de que nossa conduta não apenas afeta nossa própria reputação, mas também influencia a credibilidade da mensagem do Evangelho que proclamamos.

33. A vida de um bispo é um chamado para a santidade, o serviço e a fidelidade ao Evangelho de Cristo. Inspirados pela Palavra de Deus e pelo exemplo dos santos, os bispos são convocados a viver uma vida de testemunho e coerência com os ensinamentos de Jesus. Como afirmou o apóstolo Paulo em sua carta aos Filipenses (Filipenses 1, 27), "Conduzam-se de maneira digna do Evangelho de Cristo". Essa exortação ressoa no coração de cada bispo, lembrando-os da responsabilidade de viverem como verdadeiros discípulos de Jesus, dedicados ao serviço do Reino de Deus.

34. A santidade é o objetivo supremo de todo cristão, e os bispos não estão isentos desse chamado. Eles são chamados a buscar a santidade em todas as áreas de suas vidas, cultivando uma profunda vida de oração, uma relação íntima com Deus e uma busca constante pela virtude. O serviço é o caminho pelo qual os bispos expressam sua santidade e fidelidade ao Evangelho. Eles são chamados a seguir o exemplo de Cristo. Isso significa colocar as necessidades dos outros antes das suas próprias, dedicando-se ao cuidado pastoral do povo de Deus e ao serviço aos mais necessitados. A fidelidade ao Evangelho é o fundamento de toda ação e decisão dos bispos. Eles são chamados a proclamar e defender corajosamente os ensinamentos de Jesus, mesmo quando isso significa enfrentar oposição ou perseguição. A fidelidade ao Evangelho exige coragem, humildade e confiança na graça de Deus.

35. Portanto, que cada bispo renove seu compromisso de viver uma vida de santidade, serviço e fidelidade ao Evangelho, sendo modelos de Cristo para o povo de Deus e testemunhas vivas do amor e da misericórdia divina. Que eles sejam inspirados pelo exemplo dos santos e fortalecidos pela graça de Deus em sua jornada de fé e serviço à Igreja e ao mundo.

36. Que este documento, sob a proteção da Virgem Maria e a orientação de Jesus Cristo, seja uma fonte de inspiração e orientação para todos os bispos, capacitando-os a desempenhar seu ministério com santidade e fidelidade ao Evangelho a serviço do Povo de Deus.


Dado em Roma, junto de São Pedro, sob o nosso selo e nosso brasão de armas, no dia 26 de Abril do Ano Santo da Fé de 2024, o primeiro de pontificado.

Ioannes Paulus Pp. II

CARD. Dimitri Abramov
Praefectus